Como tudo começou

Como pode um jogo criado na Inglaterra se tornar tão popular no Brasil?

Nenhum esporte mobiliza tanto os brasileiros quanto o futebol. A explicação esta na facilidade de se praticar, até com laranjas a população jogava e se divertia. Foi dessa forma que o esporte se popularizou, criando a convicção de que o Brasil joga “o melhor futebol do mundo”, graças à ginga, e a valorização do drible, o que o diferencia dos demais países.

Acompanhando o interesse pelo esporte, no ano de 1951, jovens do bairro de Botafogo, participavam de uma equipe nas cores azul e branca chamada São Clemente Futebol Clube, em homenagem a rua que moravam. Freqüentemente faziam excursões para jogar em outras comunidades. Numa dessas excursões, com destino à Bananal - RJ, o grupo se reuniu em frente à Vila Gauí existente até hoje na Rua São Clemente nº 176 no bairro de Botafogo, Cidade do Rio de Janeiro e, enquanto aguardava o início da viagem Ivo da Rocha Gomes avistou na porta de uma quitanda, duas barricas vazias de uva, que de imediato transformou em instrumentos de percussão para uma animada batucada.

À empolgação foi tanta, que Ivo resolveu criar a partir daquele momento um “bloco de sujo” que passou a desfilar no Carnaval pelo bairro de Botafogo com a cor azul e branca.

Os primeiros ensaios foram realizados no estacionamento da autopeça Cia Iansa na Rua São Clemente, sob o efêmero brilho de simples gambiarras, pequenos grupos se organizavam ao redor de uma bandeira, ao som de alguns poucos instrumentos cantando e sambando.

No carnaval de 1952 o bloco desfilou pela primeira vez nas cores azul e branco e o samba foi da autoria de Nelson Escurinho com a seguinte letra:

 

 

Vamos cantar à melodia

Trazida do meu coração

Vamos esquecer a tristeza cruel da desilusão

Da melodia fiz um poema

Que canto nas noites de solidão

 

Eu era tão feliz

Vivia na maior desilusão

Hoje não me resta mais nada

Só existe no meu coração

E neste samba que é um poema

Que canto nas noites de solidão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As Cores

 

Durante dois carnavais o bloco cresceu em componentes conquistando apoio e admiradores. Foi quando, em 29/07/1953 Ivo torcedor do Fluminense F.C. foi assistir no Estádio das Laranjeiras o amistoso internacional do seu querido Fluminense 0 x 1 Penharol. Mesmo com a frustração do resultado adverso Ivo ficou impressionado com as cores preto e amarelo da camisa do adversário e resolveu após consulta a seus companheiros, mudar as cores do time e do bloco que dirigia do azul e branco para o preto e amarelo.

 

IVO DA ROCHA GOMES Gestão: 25/10/61 à 24/07/1980

 

                                    Como bom carioca, não dispensava uma partida de futebol nem                                     a batucada de um samba, era um homem determinado com o                                             dom de liderança nato. Foi o fundador do G.R.E.S. São                                                     Clemente, além de Presidente, por algumas vezes acumulou 

                                     também as funções de carnavalesco, diretor de bateria e

                                     compositor. Graças a sua perseverança e força de vontade a

                                     São Clemente cresceu e se estruturou. Seus maiores feitos

                                     foram os campeonatos de 1964 e 1966. --- 

 

 

 

 

IVAN DA SILVA VASCONCELLOS

1ª Gestão 24/07/1980 à 12/06/1981 |

2ª Gestão 12/06/1984 à 11/06/1987

 

 

Comerciante respeitado na comunidade de Botafogo onde foi

fundador da equipe de futebol do Boêmios da Real, Ivan foi

convidado para participar da Diretoria do G.R.E.S. São Clemente

e recebeu o cargo de Vice-Presidente. Em julho de 1980 por motivo do falecimento do então Presidente Ivo da Rocha Gomes, o estatuto garantiu a Ivan da Silva Vasconcellos o cargo de Presidente até as próximas eleições. Foram tempos difíceis, onde precisou de muita ajuda para que o G.R.E.S. São Clemente não acaba-se. Nesse ano o G.R.E.S. São Clemente pela primeira vez na história do Carnaval repetiu um enredo ( Assim Dança o Brasil ), graças a astúcia dos seus dirigentes que conseguiram junto a AESCERJ esse direito, pois em 1969 com o mesmo enredo O G.R.E.S. São Clemente desfilou mais não foi julgada. Na segunda gestão como Presidente, Ivan se afastou por motivo de doença e mais uma vez conforme o estatuto o Vice-Presidente na época Ricardo Almeida Gomes assumiu o cargo de Presidente. Com saudades o nosso amigo Ivan da Silva Vasconcellos nos deixou no ano de 1996. ---

 

 

GEORGE AVELINO Gestão: 12/06/1981 à 12/06/1984

 

 

 

 

                                   

 

Avelino apaixonou-se pelo samba quando desfilou pela Portela

escola de samba de sua admiração na época do falecido Natal.

Como advogado, sempre ligado as questões social, e por achar que desfile o de escola de samba é um dos maiores fatores de igualdade racial do País, começou a acompanhar uma série de entidades carnavalescas em Botafogo, bairro onde morava, entre elas; Bloco da Fronha, Bloco Galinha da Macedo Sobrinho, Bloco Foliões de Botafogo e o G.R.E.S. São Clemente. Nomeado em 1966 como Administrador de Botafogo pelo Prefeito Francisco Negrão de Lima, recebeu em seu gabinete a presença do amigo Ivo da Rocha Gomes que lhe pediu uma colaboração financeira para o desfile do G.R.E.S. São Clemente no Grupo I ( Carnaval de 1967 ), imediatamente Avelino indicou o Dr. Marcilio ( Engenheiro chefe da fiscalização ) que acompanha-se o Presidente da escola com o livro de ouro pelo comércio do bairro, o que proporcionou uma grande ajuda em doações. À partir desse encontro Avelino passou a colaborar mais diretamente com o G.R.E.S. São Clemente, convivendo os bons e maus momentos, criando um amor que dura até hoje. Na sua gestão como Presidente procurou aglutinar pessoas que dessem continuidade ao trabalho de crescimento da escola e que partilhassem das idéias inovadoras nas temáticas dos enredos. Sua maior alegria foi quando o G.R.E.S. São Clemente subiu ao Grupo I ( Carnaval de 1984 ) com o enredo “O DIABO ESTA SOLTO NO ASFALTO, NÃO CORRA, NÃO MATE, NÃO MORRA!” E a maior decepção foi quando no Grupo I ( Carnaval 1985 ) com o enredo “QUEM CASA QUER CASA” a Escola desfilou linda, alegre e com um samba cantado por todos e foi rebaixada para o Grupo II, recebendo notas baixas no quesito Comissão de Frente, vestida metade noivo metade noiva, que recebeu vários elogios da crítica e foi premiada com o primeiro Estandarte de Ouro da Escola. Atualmente Avelino é membro vitalício do Conselho Deliberativo do G.R.E.S. São Clemente e presidente da Ala Alô Alô Zona Sul. ---

 

 

RICARDO ALMEIDA GOMES Gestão: 11/06/1987 À 11/06/2002

 

 

 

Filho do saudoso fundador Ivo da Rocha Gomes, Ricardo

começou a participar do G.R.E.S. São Clemente com a idade de

11 anos ( 1969), desfilando na Ala dos positivos, que foi criada

pelo seu pai e, contava com a participação dos irmãos, primos

e amigos. Como o Carnaval do G.R.E.S. São Clemente era

planejado e organizado dentro de sua casa, Ricardo aprendeu a conviver com a administração do seu pai bem como acompanha-lo nas tarefas do Carnaval. Após o falecimento do pai, Ricardo passou a colaborar com os Presidentes sucessores, exercendo a função de Vice-Presidente Administrativo na gestão do Ivan da Silva Vasconcellos e George Avelino. Assumiu interinamente a função de Presidente na segunda gestão do Ivan por motivo de saúde do mesmo. Eleito a partir de 1987 como Presidente do G.R.E.S. São Clemente, mostrou ser um homem sem vaidades pessoais, extremamente dedicado e organizado na função. Mesmo estando no mais alto cargo dentro da Escola, não se envergonha na hora de pegar uma vassoura e varrer a quadra de ensaios. Ricardo afirma que pelo G.R.E.S. São Clemente faz qualquer coisa, pois sente-se como estivesse dando continuidade a obra iniciada pelo seu pai. Durante seu mandato, passou momentos difíceis a frente do G.R.E.S. São Clemente, ficando marcado em sua memória o dia em que a Escola foi despejada da quadra situada a rua São Clemente nº 40 (hoje uma praça ao lado da estação Botafogo Metrô) onde apenas acompanhado pelo amigo Wilson ( Tico ) recebeu ordem de despejo dos oficiais de justiça, tendo que se desdobrar para guardar parte do material da Escola de maior valor e com os olhos cheios de lágrimas, ver os caminhões levarem o restante para o depósito público. Um outro momento difícil foi quando no Carnaval de 1989 ( MADE IN BRAZIL... YES, NOS TEMOS BANANAS ) em pleno desfile na Marques de Sapucaí, o segundo carro alegórico ( Nau do descobrimento ) quebrou a direção e ficou impossibilitado de manobrar, os Diretores de Harmonia imediatamente passaram as Alas para evitar buracos na Escola, mais logo chegou o terceiro carro (Serra Pelada) e por sorte do destino Ricardo chegou naquele momento tomando a direção do terceiro carro, e com sua voz de comando pediu que empurrassem pois assumiria as responsabilidades. Foi um momento de grande suspense, Diretores, componentes, imprensa e principalmente o público torciam para que o carro passa-se, e com a perícia da manobra conseguiram passar e dar continuidade ao desfile, pois após esse momento demonstrando um grande ato de amor, o carro avariado foi praticamente levado suspenso no braço até o término do desfile. Como Carnaval não são apenas momentos difíceis, Ricardo afirma que sua maior alegria é ver o G.R.E.S. São Clemente desfilar com os seus componentes satisfeitos e sentir a

 

sensação do dever comprido. O seu orgulho foi ter conseguido o sexto lugar no Grupo Especial em 1990 ( E O SAMBA SAMBOU ), onde o G.R.E.S. São Clemente liderou a apuração até os dois últimos quesitos ( Mestre Sala e Porta Bandeira - Alegorias e Adereços ). Já em 1994 a São Clemente foi vice-campeã deixando o terceiro lugar com 22 pontos atrás e ficando a 1 ponto da campeã Unidos de Vila Rica gerando uma grande polêmica conseguindo na justiça o nosso direito de desfilar no Grupo Especial. Um momento de alegria foi em 1997 quando a São Clemente com uma liminar judicial desfilou sobre aplausos no desfile das Campeãs sendo aclamada pela imprensa escrita, falada, televisada e principalmente pelo público presente na Avenida do desfile, quando que no concurso oficial ficou em 3º lugar perdendo no sorteio para a Caprichosos de Pilares e a Tradição campeã sem apresentar roupas de Bateria e ala de Baianas. ---

 

RENATO ALMEIDA GOMES Gestão: 11/06/2002

até os dias de hoje.

 

 

 

A pelo menos duas décadas é impossível pensar na

São Clemente, sem estabelecer uma relação com o nome de

Renato Almeida Gomes. Filho do Fundador Ivo da Rocha Gomes,

desde os dez anos de idade participa ativamente dos desfiles

da Agremiação, inicialmente como membro da Comissão de Frente, que desde 1973 já demonstrava a sua irreverência com 15 crianças, verdadeiro sucesso na época. Posteriormente participou da Ala Positivos com os irmãos, parentes e amigos até iniciar na bateria uma das suas paixões dentro da Escola. Ritmista completo, toca com muita desenvoltura todos os instrumentos, com o seu carisma e liderança exerceu a função de Diretor de Bateria durante 17 carnavais, acumulando cargos na Agremiação de Diretor de Esporte e Vice - Presidente. A outra paixão do nosso Presidente são os esportes, principalmente o futebol, modalidade que sobre o seu comando já venceu várias competições de âmbito regional e estadual com as equipes da São Clemente. Homem de personalidade forte traçou como objetivo do seu mandato três metas:

1. Uma sede para a Agremiação.

2. Título de Campeã do Grupo de Acesso.

3. Resgate pelos componentes do orgulho de ser São Clemente. Após dez anos de mandato todas as suas metas foram atingidas. Sede própria na Rua Moncorvo Filho 56 adquirida em 2007.

 

Titulo de Campeã em 2003, 2007 e 2010 no grupo de acesso. A família São Clemente não para de crescer e vemos o orgulho de ser Clementiano. Esse é o perfil do atual Presidente Renato Almeida Gomes, mais para grande legião de amigos e admiradores, nosso querido Renatinho.